Nesta semana assistimos a mais uma situação de crise no Brasil – com o aumento brusco no valor do diesel, caminhoneiros de todo o país paralisaram suas atividades. O interessante neste caso é que a crise, que abarca setores público e privado, tende a se desdobrar e afetar cada vez mais frentes em alta velocidade. Assim já ocorre com o setor de aviação nacional, que emitiu na noite desta quarta-feira um comunicado aos passageiros, alertando para a possibilidade de cancelamentos de voos por falta de combustível.
Frente à adversidade, é oportuno analisarmos as medidas tomadas pelas companhias pertencentes à Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR): Azul e Latam já anunciaram a isenção da taxa de remarcação de voos agendados para este mês. Já a Gol enviou um comunicado aos passageiros, aconselhando a checagem do status de suas viagens antes de se dirigirem aos aeroportos. Todas as empresas citadas já adotaram medidas de contingência em suas operações e estão mantendo comunicação ativa com seus clientes.
Contingência ou Continuidade? Qual a melhor saída e menor impacto ao negócio?
Contingenciar – significa achar uma saída alternativa, muitas vezes “em cima da hora”, muitas vezes sem planejamento e durante o gerenciamento de crises, para minimizar impactos, mas sem planejar ou antecipar torna-se uma roleta russa e os estragos podem ser ainda maiores.
Continuidade – significa entender o negócio, planejar, identificar e antecipar situações de crise ou desastres que podem afetar o negócio, portanto é mais efetiva e minimiza ainda mais impactos.
Talvez por se tratarem de empresas de aviação, ramo no qual práticas de gerenciamento de riscos, crises e continuidade de negócios tendem a serem mais empregadas, temos até então um caso em parte positivo. Obviamente, o quadro correto seria haver uma alternativa que possibilitasse a continuidade plena das atividades, no entanto, o plano de contingência e a comunicação antecipada com os clientes – antes de haver o cancelamento real de cada voo, eles já estão autorizados a remarcar suas passagens – têm sido as medidas aparentemente possíveis para o momento.
A pergunta é quantas dessas companhias tem Planos de Continuidade de Negócios e mantém um processo vivo, baseado na ISO 22.301, e que contemple cenários desse tipo envolvendo Cadeia de Suprimentos e insumos, TIC e outros fornecedores? E o quanto a ANAC fiscaliza isso? Será que fiscaliza e exige testes e exercícios frequentes?
A Crise não é minha!
Indo além do mercado de aviação, outros sérios impactos estão sendo especulados pelos veículos de comunicação – sem a operação de transportadoras, mercadorias de todas as espécies tendem a faltar, sendo o comprometimento na distribuição de medicações e alimentos os mais preocupantes. Vemos assim uma situação crítica que abarca toda a rede de produção e consumo dependente de transporte rodoviário (e agora aéreo) no país. Nos resta aguardar os próximos acontecimentos, já precavidos do que possa nos afetar.
Mas, a crise não é minha, é da Petrobras!
Bom, qualquer fornecedor na sua Cadeia de Suprimentos que seja essencial deve ser entendido, riscos analisados e medidos periodicamente, inclusive a risco de pararem de operar por um período X, e cenários de prováveis crises ou desastres que afetem a Cadeia de Suprimentos devem ser levadas em consideração nos Planos de Continuidade de Negócios.
As práticas de Continuidade de Negócios devem cobrir muito mais que Tecnologia e Telecomunicações, precisam considerar o negócio e seus parceiros e fornecedores, revisando anualmente ou quando houver uma mudança significativa em Unidades, Produtos ou serviços.
Post original no Linkedin do especialista: Jeferson D’Addario, CBCP, CRISC, MBCI, ISO 27K LA
Parabéns pelo conteúdo deste blog, fez um ótimo
trabalho!
Gostei muito.
um grande abraço!!!